
para os mares do sul no Brasil onde se juntará aos seus pais.
Continuou o militar mais velho:
– Eva, ficas a saber que 75% nidificam nos Açores. São aves pelágicas, isto é, estão
adaptadas à vida em alto mar, só vêm à terra para se reproduziram e o que é mais curioso
nesta espécie é que conseguem lá viver por matarem a sede com água salgada.
Depois desta conversa, senti-me esclarecida e ao mesmo tempo preocupada por me
perguntar como ele iria ter com os pais.
Nessa mesma tarde, lá fui eu com o cagarro no meu colo, no tal chapéu de palha. O mar
com as suas ondas tão altas não permitia que fosse possível pô-lo num ninho sem cria
e a missão foi abortada. Como o tempo não melhorava, ele foi ficando comigo… no
meu quarto… no tal chapéu de palha; à noite quando me revirava na cama ou alterava a
respiração, ele acordava e voltava a adormecer.
Éramos inseparáveis. Alimentava-o, brincávamos, dormíamos longas sestas, porém os
dias iam passando e eu ia ficando cada vez mais triste é que… eu iria partir… e ele
também… para sítios diferentes.
Eu resolvi telefonar para o 295 403 800 que
é a linha “SOS CAGARRO” e indicaram-
me que falasse com o Cabo-Chefe Hélder e
contei-lhe todas as minhas preocupações.
Qual não foi o meu alívio ao saber que
seriam eles a vigiar a sua partida.
O dia da minha partida chegou, não sabia
se haveria de rir por ir para a minha terra
ou de chorar por deixar para trás o meu fiel
amigo. Entrei para a viatura e mantive-me
a olhá-lo até deixar de o ver, os meus pais
nada disseram, deixando-me entregue à
minha tristeza.
Um deles ordenou:
– É preciso levá-lo para a falésia, é lá o seu lugar!
O meu coração disparou de aflição.
– Não o verei mais?!
– Podes vir connosco, virás no bote, caso os teus
pais autorizem.
– Por favor, por favor! – Implorei-lhes.