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Uma Lady na praia da Vitória

Eu tinha seis anos e estava de férias com a minha família na casa da GNR da Praia

da Vitória, perto da Nazaré. A “

casa do trabalho do meu pai

”, dizia eu. Recordo-me do

dia em que lá cheguei. No meu carro ouvia-se Rui Veloso. “

Tu eras aquela que eu mais

queria/ Para me dar algum conforto e companhia/ Era só contigo que eu sonhava andar/

Para todo o lado e até quem sabe talvez casar

”, cantávamos todos em coro.

Quando dei por mim já

tinha chegado à bela casa

da Praia da Vitória, que

ficava num sítio muito

acolhedor,

com

ruas

estreitas e pessoas muito

simpáticas. Vendiam lá

bolas de Berlim tão boas.

Acordava todos os dias quando a minha mãe abria a cortina do quarto. Era como

um sinal para me levantar e ir a correr lá para fora brincar e aproveitar o dia. A essa

mesma hora, o meu pai saía de casa para ir comprar pão fresco a uma padaria ali

perto. E, quando chegava, o pão vinha ainda quentinho, acabado de fazer. A minha

mãe fazia sumo de laranja natural, enquanto o meu pai nos barrava o pão com doce

de morango. Noutros dias, quando acordava cheirava a torradas por toda a casa. Que

bom que era.

Os nossos dias eram passados entre a praia – mesmo à frente da casa - e um parque na

mesma rua. Um parque de areia com um escorrega e baloiços de madeira pintados de

vermelho. Omeu pai passava lá horas a brincar comigo e comaminha irmã, enquanto

a minha mãe fazia o jantar ou nos tirava fotografias a brincar.

Quando passávamos a tarde na praia, a uma certa hora o mar ficava muito longe das

nossas toalhas. “Está na maré baixa, filha”, diziam os meus pais. Perto de nós ficavam

pequenas piscinas, para onde eu ia brincar e fazer castelos lá perto com a minha

irmã. Pelo menos ali não havia ondas e os meus pais não precisavam de estar sempre

preocupados com o mar.

Outras vezes íamos os quatro andar pelo longo areal da Praia da Vitória e

apanhávamos conchas. Quando era hora de regressar a casa, estava sempre uma

brisa fresca.